...SOBRE FORMAÇÃO
Nasci na Lisboa de 1960 em dezembro e julgo viver uma época fantástica. Assisti ao nascimento da televisão. Primeiro numa paleta de cinzas. Depois veio a cor! Vi o homem colocar o pé na Lua... hoje tenho a videoconferência e o ensino por e-learning! Estamos cada vez mais próximos mas comunicamos isoladamente através do nosso teclado.
Como fotógrafo, apaixonado desde 1983, reparto a minha actividade em três áreas. A fotografia fine art, onde procuro criar, através da realidade, a forma como olho a vida, a foto-reportagem, que me permite ser fotógrafo vadio e a formação que me preenche por sempre ter gostado de ensinar e aprender.
Acredito na formação continuada, porque gosto de dar valor ao tempo e ao estar, nesta sociedade acelerada. Poder partilhar experiências com os alunos, aproveitar a sua motivação, orientar e registar a evolução nos domínios da técnica da arte e da expressão fotográfica.
O formador deve ser um agente de mudança orientador de um grupo que está sempre num estádio de transformação, como a vida. Não quero, tomar mais espaço, nas minhas palavras, quando algo pode ser mais útil, transmitir o que outros mais sábios nos deixaram!
Deixo para vós este momento “… sobre formação” em que recordo as “Conversas Vadias” da TV, Maria Elisa entrevista o maior filósofo e pensador português do séc. XX, Prof. Agostinho da Silva. Dizia no sabor da conversa, o Professor:
Agostinho da Silva - … ponho aqui agora cultura como o Saber. Primeiro, eu acho que, para toda a gente, o que é necessário num país é haver os três S: S número um: Sustento; S número dois: Saber; S número três: Saúde.
Então vamos começar pelo Sustento. Primeiro degrau das coisas. E em seguida as pessoas dizem qual é o seu interesse em saber, o que é que querem aprender. Existem as escolas em que há uma parte curricular, que toda a gente tem que frequentar com maior ou menor aproveitamento; e depois há os clubes, livres, há os grupos, que se formam, para que
a pessoa aprenda aquilo que realmente quer aprender. Um homem pode aprender ortografia, ou aritmética, ou lá o que seja, e, ao mesmo tempo, já prevenindo-se para
o caso de nunca mais ter emprego, saber pintar, saber fotografar, saber dançar; saber, se for preciso, ser vadio, porque só vale a pena ser vadio quando se contempla o mundo, e
se percebe o mundo.
Maria Elisa - Acha que essas profissões: fotografar, pintar, dançar, vão ter futuro?
Agostinho da Silva - Não se trata de profissão: trata-se de arte, trata-se de criação. O homem não nasce para trabalhar, o homem nasce para criar, para ser o tal poeta à solta.
ESPAÇO ALFA - Artigo de Rui Serra Ribeiro publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de março de 2012
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