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PRETO E BRANCO É SLOW

Hoje, ainda encontramos fotografias a preto e branco, feitas a partir de filme e reveladas em laboratório, sobretudo em portefólios com aspirações artísticas. Estranha-se esta opção que implica horas de dedicação e paciência, quando existem alternativas aparentemente melhores.

Esta tendência aparece em movimentos que criticam o entusiasmo predador de todos os momentos, facilitado pela

generalização do uso da fotografia digital. Os adeptos destas tendências dão por perdida a batalha contra o tempo e a perda de memória, que nos leva a querer registar tudo. Para eles a pressa priva-nos da reflexão. Reclamam o direito ao prazer de fazer, ao envolvimento com o tema e ao respeito pelos assuntos fotografados. Primam a qualidade. Ao lado da palavra fotografia surgem

expressões como slow ou zen. Trata-se de uma forma ideológica de encarar a fotografia: fotografar por opção estética, valorizando, não apenas o resultado final, mas todo o processo criativo. Para além do mérito inestimável de salvaguarda da memória, o que conta é o poder transformador e expressivo que uma imagem pode conter: dar a ver de outras formas, suscitar emoções, partilhar ideias, contar histórias.


Os autores regressam aos métodos anteriores atraídos pelo lado artesanal, de contacto direto com os materiais, participando de forma ativa em todas as fases do processo. Recorrem ainda ao pin-hole ou aos fotogramas. Encantam-se com as máquinas com história e com as imagens que proporcionam. O preto e branco em concreto tem uma longa tradição, que há muito deixou de se explicar pelas limitações técnicas. No princípio era feito desta forma porque não se conseguia fazer a cores. Agora faz-se a preto e branco e “à antiga” porque se quer e se gosta: funciona, é sedutor e faz lembrar as fotografias do

tempo dos nossos avós.

ESPAÇO ALFA - Artigo de Telma Veríssimo publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de março de 2013

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